Parece verdade, mas se desdobra... Se joga!
A Tiffany’s está para Audrey Hepburn em “Bonquinha de Luxo” assim como o CCBB está para mim. Pequenos santuários que movem sentimentos, suscitam e acolhem. Espaços capazes de reinventar a realidade, aquela mesma que Clarice Lispector quis.
A exposição Roteiro Amarrado de Eder Santos é cercada de intervenções que intrigam os sentidos do expectador ao colocá-lo em diálogo direto com as metamorfoses das obras – videoinstalações. O intrigante é o questionamento sobre o que é objeto real versus o que é virtual imaterial. O jardim japonês com delicadas pedrinha e fina areia contém água corrente e flores projetadas em pequenas telas. A pia do banheiro, cheia de água pingada através de um projetor. E finalmente, a videointalação cuja performance é do próprio espectador – uma sala ampla que ao ser atravessada, a sombra do corpo se funde com as imagens projetadas na parede. Imagens projetadas de pássaros e gaiolas. Percebi crianças tentando pegar os pássaros, adultos andando para frente e para trás alternando o tamanho de sua própria sombra. Eu dancei. Me permiti deixar fluir a sensação lúcida da situação, apenas brincar. Dançar e Brincar. Contudo, diferente da menina que sempre gostou de lanternas... A brincadeira com a sombra pode ser divertida, mas não é mais inocente. Há algo a ser descoberto, provocativo e alegre.
A segunda exposição é uma coletânea de fotos de Caio Reisewitz, Parece Verdade. Fotos de diferentes locais vazios, cuja única indicação de localização são as plaquinhas de informações. A ausência de humanidade só não é total, pois há quem fotografa, alguém capaz de realizar a escolha de o que e como registrar. O programa da exposição comenta muito sobre o vazio das imagens, a falta de informação, a ausência de intensidade existencial. Mas o meu foco ficou marcado na terceira foto, um gigantesco retrato do interior da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência. Ali, minha experiência foi exatamente oposta à proposta do programa. Aquele retrato, aparentemente silencioso e desocupado, narrou em minúcias o momento no qual eu estive presente. Foi uma lembrança rica em detalhes e ternura, da primeira vez que visitei aquela igreja, com uma das pessoas que mais me ensinou a estabelecer laços com outras pessoas especiais ou mesmo lugares encantadores.
A terceira e última exposição é a DobrosDobros de Márcia Pastore com suas enormes placas de metal espelhado e distorcido, nas quais é possível se ver: Disforme, alongado, encolhido, distorcido,... A antiga sala dos espelhos dos circos mambembes, apresentada de forma contemporânea, mas ainda capaz de despertar sensações cômicas e espantadoras.
Depois, uma esticadinha até a Casa França Brasil, apenas para descobrir uma pequena biblioteca de livros de arte e uma obra sinuosa de acrílicos e metais.
Rio de Janeiro... Se joga!
2 Comentários:
Adorei a primeira foto! =)
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